Oh
meus amigos! Ou estou parva ou aquela gente é toda meia chalada e vive num
mundo outro que não o meu e da maioria. E eu que tinha começado por
achá-los bem comportados, mudei de ideias. Aquela plateia de copinhos de leite
começou a irritar-me, a comichar-me as meninges. Que diabo fez aquela gente
durante uma vida inteira de trabalho que não deu para se cansarem. Ora esta. No
mundo em que vivo as pessoas estão esgotadas, correm daqui para ali a acudir a
muitos fogos. Aquelas mulheres – a maioria eram mulheres - não são semelhantes às que conheço. Não são
profissionais a quem a empresa e os chefes exigem isto e mais aquilo e com
horários de dia inteiro; mães a tempo inteiro, de 24 sobre 24 horas, e sempre a
substituir a parte que os pais não fazem junto dos filhos; as amantes possíveis
e às vezes sabe Deus que impossíveis em pouco tempo de muito sono e cansaço que
os parvalhões dos parceiros não entendem na generalidade; as mulheres que se
gosta de ter ao lado e que fazem o que podem para gastar pouco e ter aparência razoável, que milagres ninguém faz; as donas de casa que são sopeiras, criadas de fora e
de dentro, cozinheiras e governantas. E
se os meus leitores acham que a esta gente que é tudo em um, sobra algum tempo
para estar de perna cruzada, e até mesmo noutra posição de descanso, é porque
também lhes falta algum juízo.
Estas Senhoras – são umas senhoras
mulheres – estão estafadas e querem a reforma, sim. É um direito que ganharam
com o esforço do corpo que o trabalho em excesso e as preocupações acrescidas
de muito não presta, estragaram. Ora,
portanto, a mesma gente, aos sessenta já
bufa pela reforma que teima em afastar-se cada vez mais.
Pergunto-me
de onde veio aquele naipe seriado da plateia. E a médica que me assistiu de manhã?! Talvez respondesse à questão da trabalhadora incansável.
Parece-me que até mesmo entre os médicos e afins que se considerem a si mesmos descansados
e aptos, se distingue entre querer trabalhar e ainda saber fazê-lo, ser competente.
Mas
não me apetece discutir chachadas fora de horas.
Nota: peço desculpa aos homens por me cingir ao trabalho das mulheres, o que melhor conheço e mais lamento e admiro. Mas o número de homens que se estafa tanto como elas será reduzido. Fora do âmbito profissional, o seu volume de trabalho não merece referência.
Intriga-me a razão porque morrem primeiro. Um dia penso nisso.
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