A música mora num canto da Praça de Espanha em
Bruxelas. E também noutras ruas, é certo. Mas é ali que se juntam
dois ou três músicos de orquestra a tocar os clássicos. E tão bonita a harmonia
do som a vogar surpresas na multidão, qual brisa que a atravessa e
abranda, apazigua rostos e alisa expressões, o olhar grato a
compassos que estendem mãos à chave da memória. Se uns páram a gosto, noutros,
os passos abrandam involuntários. E há quem deslembre, a alma a evadir do
corpo posto em admiração. Foi assim com
aquela criança que rompeu o círculo involuntário e avançou para o som até ficar
frente a frente com os músicos. Quieta, a chupeta a murchar num canto da
boca, olhos muito abertos.
E ninguém desfez aquele supremo.
Olhei. E uma
compreensão toda nova dominava a praça. No ar, de mistura com as notas, uma
exalação rendida e infantil.
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