A casa no Inverno. Com frio, talvez
chuva carregada. O ar escuro. E depois da porta um calor que lhe vem das paredes,
primavera de muito tempo que expõe o amor habitado. Um lar. É assim que a verei
sempre, porta aberta no meio do verde, a florir algures num lugar belga. E,
contudo, conheci-a num verão em que as petúnias enlanguesciam de calor, o verde
assarapantado a amarelecer, mas o que é isto, as árvores a encompridar
raízes, falta-nos frescura, sufocamos, por favor acudam aqui onde ninguém
nos ouve e tudo começa.
Sorrindo
para quem passa, floreiras de petúnias montam-lhe guarda pretoriana. Imóveis.
Alegres. Corpo vegetal que se enlaça. E
desmaia levemente no desábito de sol tão insistente. Tenso. Irradiante.
Suspiram breves por folhinhas miúdas em queixas rasantes à terra, ai, se nos
não trazem umas gotas de água desaguentamos este riso colorido. E se a água
um alívio, distendem-se na sua caminha de terra, desenrugam a testa – quem
conhece as flores sabe que as petúnias têm o hábito de franzir o sobrolho - vou
florir, abrir mais uns botões de que já me estava a arrepender. E as pombas do telhado em arrulhos de aplauso,
agradadas da decisão.
Dentro da casa é tudo alegre e fácil; a
lembrar o refúgio da floresta onde habitavam os sete pequeninos mais conhecidos
no mundo. Em ponto grande. Porque é uma casa de e para crianças. Exceptuando a
escada em que cada degrau grita, perigo! Quanto preenchem os filhos o coração dos pais! Não caberíamos no mundo
se o sentimento fosse medível. E nesta casa ocupa lugar, as crianças estão por
todo o lado: na sala, nos corredores, nas casas de banho, no quintal
verde e bonito que nos chama e insiste na pausa.
Os
tons da casa são em claridade e alegria. Das flores aos brinquedos, passando pelos
acessórios como cortinados, toalhas, bibelots.
Foi projectada e é vivida para gostarmos de viver nela e desejarmos
regressar. Um for ever and ever. O amor é
assim : chama, insiste suave e veemente. Um lar. Mesmo.
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