Pelos dias sem sol e teus
cansaços de flor
Pela palidez das tuas noites
insones
Pelo cansaço exangue
plantado nos teus olhos
Pelas tuas mãos, folhas
mortas de trabalho
Pelo ricto amargo que ajudei
a vincar no teu rosto
Pela doçura triste que te
cresceu no olhar
Por tudo o que guardaste na
intimidade
E não vestiste de exiguidade
palavrosa
Pelo tanto que a vida te
subtraiu.
Por seres antena doce e
atenta à vida
Barco seguro onde navegámos
dolentes
Por tudo isso, Mãe
Te beijo sempre incompleta
No impossível de amor Haver
Nota: Farias hoje 80 anos. Mas
é loucura que o tempo dos relógios te exista, minha Mãe. Deixo-te a única coisa
que te escrevi e ainda leste. Tenho certeza que ainda te lembras. Promete que
só as pálpebras a engrossar.
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