Bem
sei, Sodoma e Gomorra eram cidades bíblicas, licenciadas na perversão da carne
e no deboche. Não será o caso das meninas indianas, mas o mundo, dando-lhes as
costas, tornou-se tão escandaloso como então. Sem estátuas de sal. Que aliás
hoje não nos serviriam, quem é que ia querer, por exemplo, o anelar da mulher
de Lot para temperar a sopa. Ninguém. Se a ASAI a apanhasse ainda a autuava por
estorvo na via pública e incumprimento das condições de higiene, visto que não
se tem notícia de que tenha ficado empacotada. For instance.
As
duas cidades estavam-me encasquetadas, talvez porque abri o word para escrever
sobre assunto diferente, mas as garotas firmaram-se sobre as teclas e saiu o
que saiu, que até foi contra a minha vontade e os objectivos primeiros deste
blog: postar só o que me apetece. Propósito que tem algumas involuntárias
falhas, reconheço. São situações análogas à de ontem, que me perseguem os dedos
como sombras e só descansam se as escrevo.
O
que me tem andado a dar volta ao miolo é a pornografia caseira, suposta
inspiradora de não sei que momentos escaldantes de sexo. Hummm…claro que não
estou a pensar em donas de casa (ou donas de outras coisas e donas de coisa
nenhuma) e seus apêndices masculinos que resolvem filmar-se no sexo – ideia que
até encontro um bocadinho hilariante para além de ligeiramente estúpida. Mas
pronto, é um ponto de vista meramente pessoal e se a reportagem reunir o
consenso dos interessados…não acrescento. Portanto, abandonemos os filmes
caseiros.
Falemos
por exemplo daquilo que a net permite. E estou a dizer isto com conhecimento de
causa que vi, por inteiro, um dos seus filmes, suponho que pornográfico. O que
a net dá, ou pelo menos o que vi, é o acto sexual entre duas pessoas (se calha
também há outras variantes) filmado em detalhe e alguma morbidez. Poderia
escrever que fiquei confrangida com a visão. Mas não. O género não faz parte da
minha lista de interesses. E não é puritanismo, é mesmo não dar importância,
desgostar, pensar que mal empregado o tempo, e outros assins. Mas ontem resolvi ver um, pronto, afinal nem
sabia como era e treinei o meu ser de voyeuse a fim de não andar por aqui a
mandar bocas sobre o que não experimentei. E nada de ficarem a pensar que
escrevo apenas sobre objectos experimentados. Bom, mas, se for possível e não
me venha mal nem ao mundo, tento.
Minha
gente: impressionei. Mesmo. Porque, a crer que os filmes sejam todos parecidos,
quem os vê, perde o espírito do amor. É que, por ali, nem lhes chega a nascer,
é como um beco, entra-se e tem que se voltar para trás, não é nada arejado
(nada de confusões, aquela gente anda ao ar livre e com tudo ao léu). O que
observei cinge-se ao domínio da técnica de sexo entre dois corpos bastante
atraentes, mas, meus deuses, é uma gente perdedora poro a poro. Fiquei a pensar
nos garotos que ali aprendem, nas pessoas de qualquer sexo que os usam para
descarregar pulsões pelos mais díspares motivos, em quem busca ali a excitação
ou o que seja. E tenho vontade de um aviso a quem não experimentou: Atenção,
muita atenção, aquilo não é igual a fazer amor. Parecendo a mesma coisa é uma
coisa toda outra, que não tem nada a ver. Como não sou – felizmente – homem, não
arrisco para o lado deles (acredito piamente que tenham uma bolha de água
salobra bem maior que a das mulheres; se é histórico ou congénito também não me
interessa). Mas que, qualquer mulher saudável de mente – pode até de corpo ser
um pouco doente que no problem –
prescinde daqueles vídeos, é limpinho. Garantidamente. Ou então andarão à
procura de qualquer coisa que não sei o que é ou para que serve, mas já agora
gostaria de saber para não morrer estúpida. Morrer estúpida é do pior que há.
Sinónimo de nos apostrofarem de galináceos
quando o nosso neurónio não é nem parente longínquo dos seres de penas que
cacarejam.
Uma
vez, num livro de Inês Pedrosa, li que não fazemos amor, ele desce sobre nós já
feito (o par, o trio, o que se queira). Discordo. O amor faz-se mesmo. E nem se
faz apenas no sexo e para chegar ao climax, ou para ser bom, ou experimentar
sei lá o quê. E agora são tudo orgasmos para aqui e para ali e como lá chegar,
até parece que é uma montanha qualquer e tem que se chegar ao cume e assim. Ora
esta. Que moenga.
Então
já ninguém sabe que o amor é bom do princípio ao fim porque é estar o mais
intimamente que os homens sabem estar, com uma pessoa de quem se gosta de
maneira especial porque a gostamos por inteiro e o nosso corpo pede o dela tão
naturalmente como ter sede ou fome e saciá-las. Se bem que, é verdade, o prazer
do amor que se faz e me recuso chamar sexo por me parecer uma ofensa ao amor,
pois o prazer e o desejo de amor têm tonalidade e intensidade diversas da fome
ou da sede, mas acontece que é coisa que não se explica e melhor se sente. E,
portanto, não sei dizer mais nada sobre. Além do mais, o sexo não tem nada que
subir de escalão, deixemo-lo no lugar que até nem está mal posicionado no
ranking, na medida em que quase sempre acompanha o amor embora o inverso não
seja verdade.
Não
se aprende nada aqui? Ora! Também não disse que ia ensinar.
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