Viemos
de longe como da porta ao lado e tudo em ti continua familiar. O estar
desliza-nos no gosto com a subtileza de água corrente, leve e natural, quase sem
peso. Maravilha-me o ser humano. Não apenas nós duas reencontradas. Extasio à
sinfonia de anos, ao enlace de almas, à comunhão que se não perde. Hummm...bem
sei, o efémero. A incapacidade de retermos a água nos nossos dedos. O que bate
forte e passa. Ou só bate e passa. Que devém recordação de bom tempo, qual lembrança
de dia hospitaleiro que aproveitámos para fazer um piquenique inolvidável. O que me deslumbra não é, contudo, esse tipo
de efeméride que reconheço e também partilho. Esse, nós o sabemos, é o trivial
de qualquer sentimento de raiz curta ou que nasce com defeito: por mais que
faças o mal expande, o sentimento adoece, definha, morre. Por vezes, é tão
lento o progresso do veneno que sobrevive a poder de artifícios vários,
fertilizantes, regas, insecticidas. Está,
como diz o povo, ligado à máquina. E a máquina, minha amiga, sendo humana,
arrasa e prende. Estas são as coisas que não digo, as que, muito possivelmente,
rascunho em mim. Mas a alegria que nos junta é tão genuína que isola e inibe
bafios compassivos. Os escafende. A verdade é que o quotidiano perde
profundidade para o encanto de estarmos duas. E não creio que mais nos
interesse do que reavermo-nos. Naturalmente. Porque sim.
Tens
razão, a amizade suaviza e ajuda-nos a viver.
OBRIGADA
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