Peço
desculpa a algum incauto que passe e me leia. Mas até eu estou banzada comigo –
vou escrever sobre José Sócrates, coisa que jamais pensei fazer. Claro que toda a
gente fala dele e é só mais um post no meio de tantos. Pois é. Mas acontece que
não aprecio nem um bocadinho o sujeito em causa. E vem isto de sempre. Que é
como quem diz, desde ser ministro do ambiente e de estar aos domingos à noite, em
directo e na RTP1, a jogar aos dardos com Santana Lopes. É capaz de ser
preconceito. Assevero, a minha opinião é anterior ao Sócrates primeiro ministro,
aquele que, enquanto governava, tresloucou e fez um monte de disparates e
falcatruas criminosas por junto – que até se me configura que tenha para aí uns
cem anos ou viva as vinte e quatro horas em expedientes matreiros e, como
disse, criminosos. Se nada disso tivesse
acontecido, eu o ignoraria na mesma. Sem raivinhas, só indiferença.
Acrescento
que não aprecio o estilo do senhor apesar de reconhecer que tem bom porte, sabe
vestir e fala com desenvoltura. Mas o fato não faz o monge e sempre me pareceu
que monge por detrás do fato não havia. E porém. Há coisas que não tolero.
Bater no ceguinho repugna-me vivamente. Ora o Sócrates em quem hoje se bate tem
arcado com tudo que é podre e não presta. Todas as manigâncias vão dar a
Sócrates, o que, para mim que não sou juíz, parece exagero. Mais um bocadinho e
sou obrigada a dar-lhe duas vidas só para malfeitorias e a concluir que não é
homem, mas um ser arraçado de gato.
E
esta semana, a família política e uma ex namorada juntaram-se a bater em quem
já está no chão (terá sido combinado?!). Eu que não sou mulher de papar
telejornais, vi e ouvi quem o defendeu e agora o ataca. E também li artigos de
Fernanda Câncio, jornalista que os bloguers exibiam como se fosse uma nossa
senhora moderna e a que nunca achei piada por me parecer gente que não presta
(não quero nem um pouco saber se é feminista ou não, as pessoas ou têm carácter
ou, sejam o que sejam, militem onde militem, não prestam). Pois nesse tempo, a
senhora D. Fernanda – a tal a que sempre senti alergia, mas deve ser problema
de pele que a dermatologia resolve – juntava quatro pauzinhos e fazia uma
cabana a favor de José Sócrates. E eu, nas vezes em que lia, verificava que a
dama esgrimia bem os argumentos e lhe assentava o papel de defensora. E
punia-me um bocadinho-pouco por não gostar dela. E agora isto. Não li o que
disse/escreveu e nem preciso. Basta-me tê-lo feito. Denegrir o ex num jornal. O
que ela e os antigos amigos lhe fizeram é sujo. indecoroso. Indigno. Gente que
morde a mão que lhe deu comida não é gente a sério e desmerece a designação de
pessoa.
Entretanto,
a populaça reage às notícias e culpa José Sócrates. Anda contente a populaça.
Contente com os atropelos e morosidade da justiça. Contente por ter encontrado
de mão beijada um culpado para os males do mundo. Contente com o seu papel de
juíz de faz-de-conta.
Também
tenho uma opinião sobre o caso José Sócrates. Veremos quando a justiça actuar
se é concordante. Porque, sendo as opiniões altamente falíveis, a minha pode
nem ter fundamento, estar errada. Mas, a presunção de inocência até ao veredito
é acto de misericordia devido a qualquer réu. E é de lei. Portanto, deixemos
que haja e se faça justiça. Nos tribunais, órgãos onde é suposto as opiniões
não contarem e se aterem os juízes apenas a factos. Porque a injustiça já
aconteceu e tem sido aparatosa. Neste momento, sinto nojo desses “amigos” e “ex
namorada”. Culpado ou inocente, tenho pena de Sócrates. Há danos irreparáveis.
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