Cirandando nos conteúdos de pen antigas encontrei o escrito que se
segue. Oxalá fosse meu. Mas não, sou incapaz de tal depuração escrita, ainda
que algumas expressões e frases comunguem da minha brisa. É tão bonito que
resolvi postá-lo. Assim, posso voltar a lê-lo. Sempre. Beleza incógnita que terei copiado de algum blogue ou comentário. Se acaso a autora por aqui passe, os meus parabéns
e obrigada sincero. Também a desculpa pelo atrevimento.
“A
marca de água é uma atração do papel,
o súbito de uma frescura que me sabe ao rasto da seda rente à linha dos dedos,
frágil suavidade debruçada nos movimentos. Na verdade, não sei o que seja a marca de água. Mas as palavras me traçam
imagens pedintes, numa cegueira de pés
que sentem sem ver, mister que lhes não pertence. E assim caminham.
E
me surgiste não sei como e me rodeaste inteira, e os meus pés cegos, porque
todos os pés assim, palmilharam as
sílabas do nosso desencontro. Contigo. Fora de tu seres tu. E a tua representação – que não sei – uma
borracha de apagar dúvidas. Tens razão, usei o que não tinha, as aparências
iludem, como tanta vez repetiste sem que eu um vislumbre sequer. Era o meu ópio
de ir sem medo. Oferecias-me canções e
riso e a minha mente sem olhos corria-lhes música e letra a procurar um
qualquer tu nos intervalos de tudo o que fruía, leve inconsciência de usar o
que pertencia a outrem, podendo dispor; a afastar-me por momentos de mim mesma.
Julgava eu. Como se alguém pudesse nascer das palavras e ser essa a sua
verdade. E houvesse romances que corporizam na atmosfera. Mas romances são
folhas e folhas de letras a dizerem sentimentos que conhecemos com a violência
de quem os diz sentindo-os sempre na realidade depurada que é o mesmo que
dizer, não ela, outra coisa. E, por excesso ou defeito, assim se vai semeando
um eu condicional e pretérito e se marca a distância entre livro e leitor.”
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