segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A casa da Bélgica


A casa no Inverno. Com frio, talvez chuva carregada. O ar escuro. E depois da porta um calor que lhe vem das paredes, primavera de muito tempo que expõe o amor habitado. Um lar. É assim que a verei sempre, porta aberta no meio do verde, a florir algures num lugar belga. E, contudo, conheci-a num verão em que as petúnias enlanguesciam de calor, o verde assarapantado a amarelecer, mas o que é isto, as árvores a encompridar raízes, falta-nos frescura, sufocamos, por favor acudam aqui onde ninguém nos ouve e tudo começa.
Sorrindo para quem passa, floreiras de petúnias montam-lhe guarda pretoriana. Imóveis. Alegres. Corpo vegetal que se enlaça.  E desmaia levemente no desábito de sol tão insistente. Tenso. Irradiante. Suspiram breves por folhinhas miúdas em queixas rasantes à terra, ai, se nos não trazem umas gotas de água desaguentamos este riso colorido. E se a água um alívio, distendem-se na sua caminha de terra, desenrugam a testa – quem conhece as flores sabe que as petúnias têm o hábito de franzir o sobrolho - vou florir, abrir mais uns botões de que já me estava a arrepender. E as pombas do telhado em arrulhos de aplauso, agradadas da decisão.
Dentro da casa é tudo alegre e fácil; a lembrar o refúgio da floresta onde habitavam os sete pequeninos mais conhecidos no mundo. Em ponto grande. Porque é uma casa de e para crianças. Exceptuando a escada em que cada degrau grita, perigo! Quanto preenchem os filhos o coração dos pais! Não caberíamos no mundo se o sentimento fosse medível. E nesta casa ocupa lugar, as crianças estão por todo o lado: na sala, nos corredores, nas casas de banho, no quintal verde e bonito que nos chama e insiste na pausa.
Os tons da casa são em claridade e alegria. Das flores aos brinquedos, passando pelos acessórios como cortinados, toalhas, bibelots.  Foi projectada e é vivida para gostarmos de viver nela e desejarmos regressar. Um for ever and ever. O amor é assim : chama, insiste suave e veemente. Um lar. Mesmo.

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