domingo, 9 de fevereiro de 2014

Palavras Antigas

Pelos dias sem sol e teus cansaços de flor
Pela palidez das tuas noites insones
Pelo cansaço exangue plantado nos teus olhos
Pelas tuas mãos, folhas mortas de trabalho
Pelo ricto amargo que ajudei a vincar no teu rosto
Pela doçura triste que te cresceu no olhar
Por tudo o que guardaste na intimidade
E não vestiste de exiguidade palavrosa
Pelo tanto que a vida te subtraiu.
Por seres antena doce e atenta à vida
Barco seguro onde navegámos dolentes
Por tudo isso, Mãe
Te beijo sempre incompleta
No impossível de amor Haver


Nota: Farias hoje 80 anos. Mas é loucura que o tempo dos relógios te exista, minha Mãe. Deixo-te a única coisa que te escrevi e ainda leste. Tenho certeza que ainda te lembras. Promete que só as pálpebras a engrossar.

Sem comentários:

Enviar um comentário