terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Cartas para Olívia

Olívia


            És tão, mas tão previsível!!! J)
            Ligaste a agradecer a prenda. Nem tanto para agradeceres, mais para auscultação de preferências. Queres pagar. Logo tu, que nunca me deste nada. E agora desejas retribuir. Mas pontos dados de coração não se retribuem senão com a mesma moeda. O caminho para ti já nem existia. Nunca existiu senão em mim mesma. Tu deixavas-te ir, embalavas na minha amizade.
            E não. Não quero um presépio. Disse-to. Um Menino Jesus de muito ano faz-me os natais da vida. Sorriu-me de uma montra, no Porto. E logo senti que sem ele não saberia o caminho de volta. É o meu tudo de presépio. Parece-me mal acrescentá-lo, queres o quê?! É um Menino autossuficiente na sua manjedoura de palhas penteadas e risca ao meio, o rostinho rosado a sorrir ternamente a quem chega – que o ponho logo na mesa de entrada.
Necessito apenas dessa figura etérea, mãozinhas de refego e manicura perfeita a entreabrir. Se tenho saudade de haver natal, desembrulho-o e desvaneço na sua perfeição de porcelana. Há nele uma infância delicada, um abandono confiado que comove e ajuda a continuar.

Que o Novo Ano te sorria.

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