quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

The Light Between Oceans

Gosto de Alicia Vikander desde “The Danish Girl” (A rapariga da Dinamarca), e de Fassbender depois de “12 years a slave” (12 anos escravo). Ambos possuem uma capacidade notável para representar e envolver o espectador na transparência de sentimentos que as situações exigem e até julgo que suplantam.
Quem não recorda a doce e apaixonada Gerda que, contra si mesma, ajuda o marido - Eddie Redmayne -  a tornar-se mulher e lhe  acompanha a mudança, cada cirurgia a levá-lo aos poucos  até à morte. Gerda fica-nos na memória pela constância da doçura, pela devoção a um amor, pelo bom carácter; retemos Fassbender pelo oposto. Em “12 anos escravo”, é um fazendeiro racista e asqueroso, o terror dos escravos. Que maltrata em pormenor a sua escrava favorita. Nutre por ela um ódio tão potente e destruidor como o amor que lhe irrompe em desejos dela e que só a vontade recusa, o corpo sossobrando no desejo que o atormenta. Tal constatação enfurece-o, leva-o à mesquinhez de ferir e fazer mal. Sem descanso, o insuportável fazendeiro vinga-se de si mesmo no corpo da escrava.
            E agora, “The light between oceans” (A luz entre oceanos) junta os dois pela mão de Derek Cianfrance, um realizador americano, célebre por ter realizado Blue Valentine filme aclamado, onde não houve ensaio de cenas e que foi filmado quase sem repetição de takes. É um bom e muito humano realizador.
Nesta fita passada na Austrália, Vikander é Isabel Graysmark, uma garota casadoira que conhece um ex-soldado da primeira guerra, disposto a trabalhar num farol longe das gentes. A fotografia é de excepção e as cores são pálidas, sem o bric à brac desbragado da intensidade óptica e a criar ambiente a uma história de amor romântica e delicada. Os dois intérpretes casam e vivem imersos em ternura apaixonada, dedicados um a outro. São felizes. Mas o sonho de ter filhos vai morrendo, primeiro um aborto, depois outro. Ela, inconsolável, junto às dua cruzes açoitadas de vento, o desgosto a engolir-lhe a vontade de viver, a sanidade mental sucumbindo de novo e em força redobrada.

Sem comentários:

Enviar um comentário