As
mães não se comparam. Não mesmo. Nem entre si, nem a outros laços. As mães
são o nosso magma, erguem-se sozinhas a arder e desbravar horizontes. E, por
mais humildes, têm nos filhos um orgulho de rainhas; se falam deles, nasce-lhes
um pescoço de girafa altaneira, os olhos a engolir o espaço de repente pequeno,
minguado para tanto amor. E quando a vida bole com os seus meninos, acendem
lumes ácidos e atravessa-as um brilho de lâmina assassina. As mães são de
gostar. Gostar desmedida e carentemente. Gostar desde o fundo do coração sem
fundo. As mães destilam a nossa confortável comodidade que retiram de si mesmas,
qual baba de caracol onde a nossa vida desliza. São assim as mães. Atapetam o
nosso chão com pedacinhos de si, deixam-se consumir em horas e dias esquecidos
em que inteiras voam – ou se arrastam - para e por nós. A maior parte das mães.
As
mães vivem connosco até à morte. Ficam velhas. Enrugam. Perdem cabelo e
memória. Adoecem. Morrem. E são sempre elas no seu amor jovem. As mães deixam a sua marca pessoal e de
carácter a certificar a qualidade do
amor.
Mas
que ninguém ouse comparar-te. Que
ninguém ouse. Porque me falta paciência para a cegueira voluntária. Que
há quem a si mesmo não se conheça.
Sem comentários:
Enviar um comentário