sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O pó das Estrelas

O que gosto eu em Gilmore? Ora, o mesmo que toda a gente, ele concorda com o senso do homem comum. Por exemplo, diz que o nosso universo vai terminar sozinhito da silva porque a sua aceleração é cada vez maior o que o leva a repelir as partes mais distantes que se afastam de nós a uma velocidade superior à da luz (não é brinquedo, então para esta velocidade já não há sinais de trânsito nem multas...ora bem). Segundo o cientista, as estrelas estão a afastar-se e serão cada vez menos e os átomos vão-se quebrando (mas afinal aquilo é feito de quê para se quebrar assim  sem mais, mau, Maria! Tão pequeninos, tão pequeninos, e partem-se na mesma). E um dia não resta nada. A verdade é que foram as estrelas a gerar as nossa condições de vida, não é bonito isto ser verdade?!  Pois é, mas o seu afastamento é proporcional ao decréscimo vital. Ou seja, não vai restar ninguém para pensar tamanha solidão (duvido que nessa altura ainda seja um universo, deve ser só um buraco negro), portanto, que ela exista também não fará  diferença (Kant, Kant). E portanto. Cá chegamos nós ao essencial do homem comum: a humildade que só fica bem numa espécie condenada e que tem a consciência disso (grande novidade, tudo que tem vida, há-de desaparecer, gasta-se, perece, morre). E isto pode ser uma novidade científica, mas é também uma certeza do homem comum. Seguramente.
A segunda verdade de Gilmore não é menos retumbante nas mentes comezinhas. Afirma o filósofo que o nosso universo ganhou a lotaria. Quer dizer, reúne condições excepcionais que permitem a vida (segundo parece bastaria que 12 propriedades do mesmo mudassem em 2% e baqueava a hipótese dos seres vivos o habitarem). Pronto, é verdade que desconheço a dúzia de propriedades e o alcance de uma variação de 2%, mas que esta lotaria pode chamar-se Deus, acaso divino e outras transcendências do mesmo teor, pode. Sem infracção a qualquer regra.  A ciência não consegue explicar o nosso universo, sabe é que para este ter sucesso (sucesso significa presença de condições que possibilitem a vida) muitos outros não o tiveram. E que vivemos no único onde podemos viver porque encaixamos nas suas condições (grande descoberta, parece-me que cada vez mais precisamos de um motor imóvel, uma consciência suprassensível, qualquer coisa assim; além disso Leibniz já afirmava que este é o melhor dos mundos) Ou seja, o que não faltam por aí são universos a rodar a uma velocidade louca pelo espaço. Ah! Mas não têm vida. São universos que deram mal. Aguentem-se (digo eu).
Outra verdade que os poetas intuíram e a ciência confirmou: somos mesmo feitos de pó de estrela. Viva!...Tinha a certeza que era uma poeira, a ciência só veio creditar-me.
E, finalmente, diz Gilmore, a filosofia  faz o seu papel especulativo sobre universos e questões para que a ciência ainda não tem resposta (esta é clássica, também a ensinei).
Portanto, aguardam-se resultados do projecto Gaia, onde Gilmore se aplica, e que pretende conhecer a origem da via láctea e a dupla questão gravidade-peso que sempre pensei que era só eu que não entendia, mas parece ser o quebra cabeças dos cientistas. Ora esta!...

Bom. O projecto Gaia pode por exemplo verificar se vem um meteorito catastrófico em direcção à terra. Não sei se aguentamos mais isto. Então nascemos fadados à morte, temos de viver com isso, e ainda, quem sabe, anda para aí um bólide do tamanho do mundo a querer dar-nos cabo do canastro?! Com franqueza!...

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