A cada novo ano, nos despontam intentos de mudança. Que pouco se muda do que somos,
mas enfim, nas listas de propósitos há, pelo menos, uma vontade que quer
exercer-se. Acredito que não seja um mau
princípio. Ninguém sabe se o projecto se actualiza, mas é bom que acenda a esperança no futuro. Além do que obriga a parar e repensar o que
passou, termos utilizados por António Sérgio para caracterizar a reflexão. Ora,
nesta era de “pegar e andar”, a reflexão escasseia e quase parece que o mundo
pretende que a olvidemos. Só por isso, vale a pena pô-la a uso. Reflectir.
É que assume proporções de complôt, não podemos estar tristes (e a reflexão tanta vez traz tristeza); se acontece, o mundo pede-nos para lutar rapidamente contra o sintoma, porque a alegria é que é. Discordo. O ser humano cresce também dentro da tristeza, faz parte das suas disposições naturais, não há que inibi-la. Ao contrário, o tempo de ser triste tem que viver-se até ao fim, para que não se repita nem deixe raízes que podem, isso sim, ser altamente danosas. Neste ímpeto de saltar sobre tristezas e desalentos, em que nos tornámos campeões, fazemos cama aos estados de alma mais nefastos. Por exemplo, a brusquidão raivosa, as depressões, a insatisfação de viver. E mais que não me ocorre. Pontiagudos do carácter que são sinónimo de perturbações no quotidiano de si a si e de si aos outros. É imbuída nestas linhas de experiência, a sopesar desaires do ano anterior, que faço os meus propósitos. O princípio é não os procurar, deixá-los chegar e fazer casa, até que se instale o tempo da atenção. Atenta, escrevo-nos, já são carne da minha carne, indistintos de unha ou dente.
É que assume proporções de complôt, não podemos estar tristes (e a reflexão tanta vez traz tristeza); se acontece, o mundo pede-nos para lutar rapidamente contra o sintoma, porque a alegria é que é. Discordo. O ser humano cresce também dentro da tristeza, faz parte das suas disposições naturais, não há que inibi-la. Ao contrário, o tempo de ser triste tem que viver-se até ao fim, para que não se repita nem deixe raízes que podem, isso sim, ser altamente danosas. Neste ímpeto de saltar sobre tristezas e desalentos, em que nos tornámos campeões, fazemos cama aos estados de alma mais nefastos. Por exemplo, a brusquidão raivosa, as depressões, a insatisfação de viver. E mais que não me ocorre. Pontiagudos do carácter que são sinónimo de perturbações no quotidiano de si a si e de si aos outros. É imbuída nestas linhas de experiência, a sopesar desaires do ano anterior, que faço os meus propósitos. O princípio é não os procurar, deixá-los chegar e fazer casa, até que se instale o tempo da atenção. Atenta, escrevo-nos, já são carne da minha carne, indistintos de unha ou dente.
Em 2016 quero ceder menos à preguiça e cumprir – pelo menos em parte – o que me
proponho no dia-a-dia. Quero não me esquecer dos pequenos prazeres, dínamos do meu relógio pessoal – beber café às sextas e segundas, comer torradas com
manteiga aos domingos, levantar-me mais tarde às quartas ou quintas. Quero
pensar quase tanto nos outros como em mim e, neles, ser feliz quanto possa. Caso
consiga ter presentes estas três alíneas, ao longo da maioria dos 366 dias que me esperam, serei uma grande
mulher.
E as amizades, os amores, os
afectos?!... Um dia alguém me disse, “queria aprisionar a água e ela escorria
entre os meus dedos; fica a frescura”. Entrego a Deus. Ainda que não trabalhe
nem fie, Ele há-de vestir-me.
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