A luz do dia é mais clara se dormimos. O sono
comanda-nos os dias e só há mesmo manhã, se acordamos. Nenhuma claridade nasce da
insónia.
Um
destes dias bateu-me a saudade e fui ver o meu pai. E nessa tarde de um dia destes,
pela primeira vez, notei-lhe a velhice. Ou ela se me quis mostrar. Entrou-me pelos olhos dentro o peso dos anos esparramado pelo corpo num à vontade abusivo. Será do meu olhar, mas está diferente o meu pai. Tinha um ar afilado que lhe fugiu,
abolachou. Como se já não necessite viajar e a pose de quilha lhe seja inútil.
Estava sentada a seu lado a ouvir-lhe as histórias e a pensar na viagem que encurta, a última estação já a distinguir-se. A pensar que, sem esta raiz, nos teremos de reinventar. E que todos os momentos com ele – enquanto ainda é dono de si - se tornam a cada dia mais preciosos.
Estava sentada a seu lado a ouvir-lhe as histórias e a pensar na viagem que encurta, a última estação já a distinguir-se. A pensar que, sem esta raiz, nos teremos de reinventar. E que todos os momentos com ele – enquanto ainda é dono de si - se tornam a cada dia mais preciosos.
Mas
a verdade é que a morte não liga muito a cronologias.
Como
a vida é efémera!
Sem comentários:
Enviar um comentário