quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sodoma e Gomorra ao Portador

Bem sei, Sodoma e Gomorra eram cidades bíblicas, licenciadas na perversão da carne e no deboche. Não será o caso das meninas indianas, mas o mundo, dando-lhes as costas, tornou-se tão escandaloso como então. Sem estátuas de sal. Que aliás hoje não nos serviriam, quem é que ia querer, por exemplo, o anelar da mulher de Lot para temperar a sopa. Ninguém. Se a ASAI a apanhasse ainda a autuava por estorvo na via pública e incumprimento das condições de higiene, visto que não se tem notícia de que tenha ficado empacotada. For instance.
As duas cidades estavam-me encasquetadas, talvez porque abri o word para escrever sobre assunto diferente, mas as garotas firmaram-se sobre as teclas e saiu o que saiu, que até foi contra a minha vontade e os objectivos primeiros deste blog: postar só o que me apetece. Propósito que tem algumas involuntárias falhas, reconheço. São situações análogas à de ontem, que me perseguem os dedos como sombras e só descansam se as escrevo.
O que me tem andado a dar volta ao miolo é a pornografia caseira, suposta inspiradora de não sei que momentos escaldantes de sexo. Hummm…claro que não estou a pensar em donas de casa (ou donas de outras coisas e donas de coisa nenhuma) e seus apêndices masculinos que resolvem filmar-se no sexo – ideia que até encontro um bocadinho hilariante para além de ligeiramente estúpida. Mas pronto, é um ponto de vista meramente pessoal e se a reportagem reunir o consenso dos interessados…não acrescento. Portanto, abandonemos os filmes caseiros.
Falemos por exemplo daquilo que a net permite. E estou a dizer isto com conhecimento de causa que vi, por inteiro, um dos seus filmes, suponho que pornográfico. O que a net dá, ou pelo menos o que vi, é o acto sexual entre duas pessoas (se calha também há outras variantes) filmado em detalhe e alguma morbidez. Poderia escrever que fiquei confrangida com a visão. Mas não. O género não faz parte da minha lista de interesses. E não é puritanismo, é mesmo não dar importância, desgostar, pensar que mal empregado o tempo, e outros assins.  Mas ontem resolvi ver um, pronto, afinal nem sabia como era e treinei o meu ser de voyeuse a fim de não andar por aqui a mandar bocas sobre o que não experimentei. E nada de ficarem a pensar que escrevo apenas sobre objectos experimentados. Bom, mas, se for possível e não me venha mal nem ao mundo, tento.
Minha gente: impressionei. Mesmo. Porque, a crer que os filmes sejam todos parecidos, quem os vê, perde o espírito do amor. É que, por ali, nem lhes chega a nascer, é como um beco, entra-se e tem que se voltar para trás, não é nada arejado (nada de confusões, aquela gente anda ao ar livre e com tudo ao léu). O que observei cinge-se ao domínio da técnica de sexo entre dois corpos bastante atraentes, mas, meus deuses, é uma gente perdedora poro a poro. Fiquei a pensar nos garotos que ali aprendem, nas pessoas de qualquer sexo que os usam para descarregar pulsões pelos mais díspares motivos, em quem busca ali a excitação ou o que seja. E tenho vontade de um aviso a quem não experimentou: Atenção, muita atenção, aquilo não é igual a fazer amor. Parecendo a mesma coisa é uma coisa toda outra, que não tem nada a ver. Como não sou – felizmente – homem, não arrisco para o lado deles (acredito piamente que tenham uma bolha de água salobra bem maior que a das mulheres; se é histórico ou congénito também não me interessa). Mas que, qualquer mulher saudável de mente – pode até de corpo ser um pouco doente que no problem – prescinde daqueles vídeos, é limpinho. Garantidamente. Ou então andarão à procura de qualquer coisa que não sei o que é ou para que serve, mas já agora gostaria de saber para não morrer estúpida. Morrer estúpida é do pior que há. Sinónimo de nos apostrofarem de  galináceos quando o nosso neurónio não é nem parente longínquo dos seres de penas que cacarejam.
Uma vez, num livro de Inês Pedrosa, li que não fazemos amor, ele desce sobre nós já feito (o par, o trio, o que se queira). Discordo. O amor faz-se mesmo. E nem se faz apenas no sexo e para chegar ao climax, ou para ser bom, ou experimentar sei lá o quê. E agora são tudo orgasmos para aqui e para ali e como lá chegar, até parece que é uma montanha qualquer e tem que se chegar ao cume e assim. Ora esta. Que moenga.  
Então já ninguém sabe que o amor é bom do princípio ao fim porque é estar o mais intimamente que os homens sabem estar, com uma pessoa de quem se gosta de maneira especial porque a gostamos por inteiro e o nosso corpo pede o dela tão naturalmente como ter sede ou fome e saciá-las. Se bem que, é verdade, o prazer do amor que se faz e me recuso chamar sexo por me parecer uma ofensa ao amor, pois o prazer e o desejo de amor têm tonalidade e intensidade diversas da fome ou da sede, mas acontece que é coisa que não se explica e melhor se sente. E, portanto, não sei dizer mais nada sobre. Além do mais, o sexo não tem nada que subir de escalão, deixemo-lo no lugar que até nem está mal posicionado no ranking, na medida em que quase sempre acompanha o amor embora o inverso não seja verdade.

Não se aprende nada aqui? Ora! Também não disse que ia ensinar.

Sem comentários:

Enviar um comentário