segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Dia das Mentiras na Visão Junior e a Polémicas dos TPCs


Agora que a educação está assim a modos que de rastos,  o mundo, que sempre precisa de um bode expiatório, virou-se contra os TPCs - os professores vistos de chofre  estão muitos gastos e é preciso mudar de táctica e atingi-los por via indirecta. Portanto, nada como ressaltar o bolor dos métodos utilizados. A Visão Júnior lançou a bomba no dia das mentiras, “O ministro tinha proíbido os TPCs”. Parecia uma mentirinha engraçada. Mas foi rastilho e, como era previsível, pegou. Incendiou as redes sociais e esta semana a Visão traz uma peça jornalística sobre o assunto (não acredito em premeditação, foi puro fluxo de acaso). Ali, tudo se confirma. Ele são especialistas como Eduardo Sá a recusá-los; um pediatra (Mário Cordeiro); um director de agrupamento de escolas (Adelino Calado) a aboli-los, decisão que consta, possivelmente, em acta de reunião pedagógica; estudos da OCDE e das nossas universidades (uma  investigadora da universidade do Porto diz mesmo que as crianças aprendem melhor e mais a jogar do que a fazer TPCs); pais que proclamam falta de tempo e muito cansaço dos filhos; e crianças que até são quem menos se queixa. E até parece que têm razão. Mas um monte de argumentos e de individualidades a esgrimi-los, se bem que queira dizer alguma coisa, não significa estar mais próximo da verdade. Nunca significou. Mesmo Hitler teve altas individualidades e intelectos muito fortes do seu lado, no seu tempo (espero bem que hoje, do seu lado, haja só uns quantos malucos esquizofrénicos do poder, mas não tenho certezas).
            Pois eu venho defender esses tais  inóspitos TPCs. Em primeiro lugar porque lhes fui sujeita desde cedo e a minha formação seria diferente se não fossem as longas horas que estive ocupada a fazê-los. Segundo, porque pertenço à tal classe desfavorecida, os meus pais sabiam ler e escrever, não havia livros em minha casa, jornais nem vê-los, era uma desgraceira pegada; a crer na revista e nos estudos, por via dos TPCs, a desigualdade social acentuou-se na minha pessoa (penso que revista e estudiosos do assunto sabem bastante mais que eu em alguns aspectos, mas noutros nem por isso). Terceiro, porque sou mãe que acompanhou medianamente os filhos e reparei que traziam TPCs para casa, portanto, falo com experiência – é pouca, mas que fazer, não posso ser mãe do mundo inteiro. Quarto, porque ensinei durante largos anos e passei por todos os níveis de ensino com excepção do universitário onde me limitei ao papel de aluna. Quinto - e julgo que último, mas nunca se sabe -, experimentei durante alguns anos o método da Escola Moderna, sem TPCs e com tempo de estudo autónomo  (não é apenas feito em casa como se sugere na peça) em horário escolar para, em autoaprendizagem, cimentar conhecimentos, colmatar dúvidas e dificuldades existentes; mas também para que o professor e alunos mais adiantados, possam, individualmente,  sentar-se com os alunos com mais dificuldades a entender onde moram os nós, ajudar a desfazê-los e a criança poder prosseguir.

            Posto isto, reafirmo: sou a favor dos TPCs. E amanhã volto cá para escrever porquê que agora não me apetece e tenho mais que fazer. Além disso ninguém me lê, portanto estou à vontade.

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